Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Esta doença existe mesmo? Existe um quadro clínico chamado de TDAH ou são comportamentos normais da criança? É TDAH ou é outra doença?
Numa prova de múltipla escolha, todas acima estariam corretas, dependendo da criança e da situação.
TDAH é uma doença? Sim. Porém, existe muita confusão a respeito.
No meio científico médico se discute se o TDAH está sendo diagnosticado em excesso atualmente ou se estaria sendo sub-diagnosticado, ou seja, se muitas crianças com o transtorno estariam deixando de ser diagnosticadas e tratadas.
Novamente a resposta é que ambas estão corretas.
Mas como um transtorno pode estar sendo diagnosticado em excesso e sub-diagnosticado ao mesmo tempo???
Isto realmente ocorre, mas em situações diferentes. O TDAH é sub-diagnosticado quando sabemos que sua prevalência é em torno de 5-6% das crianças em idade escolar. Ou seja, muitas crianças têm o o transtorno, mas não são diagnosticadas.
Normalmente, apenas aquelas que perturbam a aula, são agressivas ou muito desafiantes ou ainda apresentam problemas no aprendizado é que são encaminhadas para avaliação médica.
Já o TDH é excessivamente diagnosticado quando crianças com qualquer outro problema são taxadas de portadoras de déficit de atenção e/ou de hiperatividade. E o que é pior, são tratadas como sendo portadoras destes distúrbios.
Sabe o que acontece? É que se “convencionou” dizer que qualquer criança que tem problemas na escola tem “déficit de atenção”. Se não se alfabetiza, se não aprende matemática, se é agressiva, se tem problemas de relacionamento, se se isola, se peturba a aula ou qualquer comportamento problemático é rotulado de déficit de atenção ou TDAH.
Esquecemos que muitos outros transtornos podem se manifestar com estes sintomas, como os transtornos de linguagem, de conduta, os transtornos específicos do aprendizado, transtornos afetivos (bipolares), medos fóbicos, psicoses, retardo mental (déficit intelectual) e autismo.
MUITO CUIDADO! E o pior é que este erro não é cometido apenas por pais e professores. Muitos profissionais que trabalham com as crianças cometem os mesmos erros de diagnóstico e interpretação (incluindo psicólogos, fonos, terapeutas, médicos em geral e, inclusive, neurologistas e psiquiatras).
PERFIL DO ADOLESCENTE COM DÉFICIT DE ATENÇÃO (SEM HIPERATIVIDADE) QUE, GERALMENTE, NÃO É DIAGNOSTICADO.
Pensamentos de uma menina de 13 anos sobre a escola:
“Minhas mãos doem quando eu escrevo.''
''Eu não gosto de escola.''
''Minha carga de deveres de casa normalmente é excessiva e impraticável.''
''Tenho dores de cabeça quando as pessoas tentam explicar as coisas mais difíceis pra mim, fico confusa.''
''Eu não tenho boa escrita.''
''Eu sinto que estou “voando” quando as pessoas falam em sala de aula.''
''Eu acho que eu deveria estar fazendo coisas melhores do que sentar lá tentando compreender o que as pessoas estão explicando.''
''Eu não tenho hábitos de estudo muito bons. ''
''Eu me sinto muito idiota em sala de aula quando todos os demais entendem as coisas e eu não.''
''Eu fico louca que o dia termine e muitas vezes eu olho para o relógio.''
O que é tão marcante aqui é que ninguém pensou que a menina tinha sintomas de um transtorno de atenção. Ela não apresentava um problema de comportamento em sala de aula, o professor não a considerava distraída e ela nunca reclamou da escola como sendo difícil para ela. O foco permaneceu no fato dela não gostar da escola e na sua competência acadêmica ou num provável transtorno de atenção.
COM QUE IDADE A CRIANÇA PODE SER DIAGNOSTICADA?
Não há uma idade limite.
Nos Estados Unidos existe uma associação para a pesquida de doenças emocionais e comportamentais da infância, chamada 0 to 3 – Diagnostic Classification os Mental Health and Developmental Disorders of Infancy and Early Childhood (0 a 3 – Classificação Diagnóstica de Saúde Mental e Transtornos do Desenvolvimento na Infância).
Esta associação descreve vários transtornos da infância, dentre eles, o TDAH. Portanto, é possível diagnosticar transtornos mentais e do desenvolvimento antes dos 3 anos.
Avaliação para crianças com suspeita de TDAH inclui:
· Entrevista com os pais e com a criança.
· Avaliação das funções executivas da criança (déficit nas funções executivas é um sintoma com elevada frequência em crianças com TDAH e, provavelmente, o aspecto central da patologia).
· Testagem da atenção através de teste computadorizado de atenção (“Continuous Performance Test” – CPT).
· Testagem da memória de trabalho e da velocidade de processamento (déficits nestas funções estão associados com os problemas de aprendizado nas crianças com TDAH).
· Avaliação da psicopatologia global, a fim de verificar a existência de patologias associadas e fazer o diagnóstico diferencial.
· Funcionamento global da criança (para avaliar o impacto da doença sobre o funcionamento e a capacidade adaptativa da criança).
Após a avaliação os pais recebem os resultados e as orientações sobre os possíveis tratamentos e encaminhamentos terapêuticos.
Vem comigo!
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