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O QUE É O IMPLANTE COCLEAR?
O implante coclear é um dispositivo eletrônico de alta tecnologia, também conhecido como ouvido biônico, que estimula eletricamente as fibras nervosas remanescentes, permitindo a transmissão do sinal elétrico para o nervo auditivo, afim de ser decodificado pelo córtex cerebral.
O funcionamento do implante coclear difere do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). O AASI amplifica o som e o implante coclear fornece impulsos elétricos para estimulação das fibras neurais remanescentes em diferentes regiões da cóclea, possibilitando ao usuário, a capacidade de perceber o som.
Atualmente existem no mundo, mais de 60.000 usuários de implante coclear.
FUNCIONAMENTO DO IMPLANTE COCLEAR
O implante coclear consiste em dois tipos de componentes, interno e externo. Para melhor compreensão será descrito separadamente.
O componente interno é inserido no ouvido interno através do ato cirúrgico e é composto por uma antena interna com um imã, um receptor estimulador e um cabo com filamento de múltiplos eletrodos envolvido por um tubo de silicone fino e flexível.
O componente externo é constituído por um microfone direcional, um processador de fala, uma antena transmissora e dois cabos.
A sensação auditiva ocorre em frações de segundos. Todo o processo inicia-se no momento em que o microfone presente no componente externo capta o sinal acústico e o transmite para o processador de fala, por meio de um cabo. O processador de fala seleciona e codifica os elementos da fala, que serão reenviados pelos cabos para a antena transmissora (um anel recoberto de plástico, com cerca de 3mm de diâmetro) onde será analisado e codificado em impulsos elétricos. Por meio de radiofreqüência, as informações são transmitidas através da pele (transcutaneamente), as quais serão captadas pelo receptor estimulador interno, que está sob a pele. O receptor estimulador contém um “chip” que converte os códigos em sinais eletrônicos e libera os impulsos elétricos para os eletrodos intracocleares específicos, programados separadamente para transmitir sinais elétricos, que variam em intensidade e freqüência, para fibras nervosas específicas nas várias regiões da cóclea. Após a interpretação da informação no cérebro, o usuário de Implante Coclear é capaz de experimentar sensação de audição.
Quanto maior o número de eletrodos implantados, melhores serão as possibilidades de percepção dos sons.
MODELOS DE IMLANTE COCLEAR
Entre os implantes cocleares multicanais de gerações mais avançadas utilizados nos principais centros internacionais dedicados ao tratamento da surdez estão: Nucleus 24, desenvolvido na Austrália pela Cochlear Corporation; Combi 40+, desenvolvido na Áustria pela Med-EL; e Clarion, desenvolvido nos Estados Unidos pela Advanced Bionics. Os modelos diferem entre o número e configuração dos eletrodos, disponibilidade de telemetria e telemetria de respostas neurais (NRT), localização do microfone externo, design e tecnologia do processador de fala, estratégia de comunicação de fala, número e tipos de estimulação e sistema de programação.
A Cochlear Corporation iniciou-se no mercado com o modelo Nucleus 22. Posteriormente, foram lançados os modelos Nucleus 24, Nucleus 24 M, Nucleus 24K, Nucleus 24 Contour e recentemente o Nucleus 3. Com os avanços tecnológicos, foi possível a miniaturização do processador de fala, como o uso do processador de fala modelos ESPrint e ESPrint 3G (retroauricular) .
Componente interno
Componente externo
A Med-EL inseriu-se no mercado com o modelo C 40 e em função dos avanços tecnológicos, estão disponíveis atualmente os modelos C40 S, C40+, também permitindo o uso de dispositivos externos retroauriculares.
Componente interno Med-EL®Combi 40+
Componente externo Med-EL® Tempo +
E a Advanced Bionics iniciou com o modelo Bipolar Enhaced, posteriormente foi lançado o modelo Hifocus e com avanços tecnológicos lançaram o modelo HiRes 90K.
Componente interno
Componente externo Clarion
SELEÇÃO DE CANDIDATOS AO USO DE IMPLANTE COCLEAR
Com a evolução tecnológica, os implantes cocleares atuais já são considerados de 3ª geração. Com isso, são considerados candidatos ao uso do dispositivo de Implante Coclear, crianças a partir dos 12 meses de idade e adultos que apresentam deficiência auditiva neurossensorial bilateral de grau severo e profundo e que não obtiveram benefícios com o uso de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual.
A avaliação dos pacientes candidatos ao Implante Coclear é realizada por meio de uma equipe interdisciplinar, composta por médicos otologistas, fonoaudiólogos, psicólogos e outros.
No entanto, os resultados variam de individuo para individuo, em função de uma série de fatores, entre eles, memória auditiva, estado da cóclea, motivação e dedicação e programas educacionais e/ou de reabilitação.
Candidatos que poderão apresentar um melhor benefício com o uso do implante coclear:
idade acima de 18 anos, com deficiência auditiva neurossensorial pós - lingual bilateral severa ou profunda;
que não se beneficiarem do aparelho de amplificação sonora individual (AASI), ou seja, apresentarem escores inferiores a 40% em testes de reconhecimento de sentenças do dia a dia;
tempo de surdez ser inferior a metade da idade do candidato (em deficiências auditivas progressivas não há limite de tempo);
deficiência auditiva pré-lingual tem benefício limitado e só é indicado em pacientes com fluência da linguagem oral e com compreensão desta limitação;
apresentarem adequação psicológica e motivação para o uso do Implante Coclear.
idade até 17 anos, com deficiência auditiva neurossensorial bilateral severa ou profunda;
preferencialmente indica-se o Implante Coclear em deficiência auditiva pré -lingual até os 6 anos de idade. Salienta-se que a idade ideal é a partir de 1 ano;
adaptação prévia de AASI e (re)habilitação auditiva intensiva para verificar se há benefício deste dispositivo principalmente nas deficiências auditivas severas;
apresentarem incapacidade de reconhecimento de palavras em "conjunto aberto";
serem provenientes de famílias adequadas e motivadas para o uso do Implante Coclear;
ETAPA PRÉ-CIRÚRGICA
Para a indicação cirúrgica do implante coclear é necessário que o indivíduo submeta-se a diferentes avaliações, que fazem parte da etapa pré-cirúrgica e que serão realizadas por médicos, fonoaudiólogas, assistentes sociais e psicólogas com o objetivo de definir a indicação do implante coclear.
Realizado o diagnóstico diferencial da deficiência auditiva, torna-se de fundamental importância a seleção e indicação do AASI, anteriormente à indicação do IC, com o intuito de verificar-se os benefícios obtidos com o uso da amplificação no que diz respeito às habilidades auditivas.
Nesta etapa além das avaliações dos aspectos funcionais relativos à audição, da determinação do tipo e grau da deficiência auditiva e da avaliação com AASI, é fundamental o estudo por imagem (tomografia computadorizada de cortes de 1 (um) milímetro de temporais nas posições coronal e axial e ressonância magnética dos temporais em 3 D). A importância de estudos por tomografia computadorizada de temporais com secções de 1mm de espessura, nas posições coronais e axiais, para constatar malformações cocleares, graus de ossificação labiríntica, principalmente em surdez pós-meningite. A tomografia computadorizada de alta resolução é útil para averiguar as estruturas ósseas do temporal, sendo de uso limitado para o estudo das estruturas não-ósseas, vias auditivas e tecido nervoso central. A ressonância magnética dá informações adicionais quanto ao grau de fibrose ou ossificação da cóclea e outras patologias do sistema nervoso central (Meira et al, 1998; Arriaga, Carrier,1996; Nikolopoulos et al,1997). A utilização da ressonância magnética em pacientes implantados tem atraído a atenção de vários autores, pois a presença do ímã no dispositivo interno impediria a utilização deste importante recurso diagnóstico.
A cirurgia do Implante Coclear é realizada para inserção do dispositivo interno (receptor-estimulador e cabo com filamento de múltiplos eletrodos).
Após a inserção dos eletrodos já é possível a realização da telemetria de impedancio dos eletrodos e telemetria de respostas neurais (testes que permitem avaliar o funcionamento dos eletrodos na sala de cirurgia, ou seja, antes de fechar a incisão). E a radiografia intra-operatória.
Rx na posição de Stenver's modificada, com os eletrodos inseridos na cóclea.
Antes da cirurgia, é realizada a tricotomia de aproximadamente dois dedos acima do ouvido.
Após a cirurgia, alguns cuidados são necessários, até a alta médica completa, ou seja, no retorno para ativação, entre eles:
Manter repouso no leito com a cabeça elevada a 30º nas primeiras 24 horas.
Manter posição lateral, não deitar do lado operado durante 15 dias.
Não molhar o curativo, não se deve lavar a cabeça nas duas primeiras semanas, quando lavá-la colocar um tampão, o ouvido operado não deverá ser molhado.
Se tiver necessidade de espirrar, fazê-lo de boca aberta e assoar delicadamente o nariz usando soro fisiológico para a limpeza do mesmo.
Proibir pegar peso e fumar.
Evitar bebida alcoólica e queda.
Não tomar sol durante 30 dias.
Geralmente, a cicatrização completa ocorre entre 3 e 5 semanas após a cirurgia. No entanto durante este período, o indivíduo é capaz exercer suas atividades normalmente.
Em condições ideais os pacientes permanecem de dois a três dias no hospital após a realização da cirurgia.
Entre as complicações cirúrgicas descritas pela literatura científica internacional em pacientes submetidos à cirurgia para inserção do Implante Coclear incluem-se:
• paralisia facial;
• necrose tecidual no leito cirúrgico;
• extrusão dos eletrodos;
• mal posicionamento dos eletrodos;
• presença de zumbido;
• alterações vestibulares na primeira semana do pós-operatório;
• e/ou defeito no componente interno.
Após a cicatrização cirúrgica, o paciente retornará à equipe do Programa de Implante Coclear para ativação dos eletrodos. É recomendado que a ativação dos eletrodos ocorra aproximadamente, quatro semanas após a cirurgia.
O acompanhamento pós-cirúrgico dos pacientes usuários do Implante Coclear é realizado por equipe interdistidisciplinar, devendo atender a retornos periódicos para avaliação otorrinolaringológica, mapeamento e balanceamento dos eletrodos, audiometria em campo livre, testes de percepção de fala, orientação fonoaudiológica, entre outros, de acordo com a necessidade e/ou etapa do tratamento.
No momento da ativação e mapeamento dos eletrodos, serão realizados os ajustes necessários para que o processador de fala seja capaz de converter efetivamente a energia acústica em uma área dinâmica elétrica adequada para cada eletrodo.
CUIDADOS APÓS O IMPLANTE COCLEAR
Cuidados necessários para obter o funcionamento adequado do Implante Coclear, relacionadas aos aspectos ambientais:
Os usuários de Implante Coclear devem evitar a aproximação direta à monitores de televisão, computadores e forno de microondas quando os mesmos encontram-se em funcionamento, uma vez que a radiação eletromagnética presente nestes equipamentos pode ser capaz de alterar a função do circuito eletrônico do Implante Coclear e ocasionar alteração na qualidade do som e falha no envio da estimulação.
No momento em que os usuários de Implante Coclear passam com o dispositivo em funcionamento entre as barras de sistemas de Vigilância Eletrônica, presentes na grande maioria de lojas e supermercados, pode ocorrer uma sensação sonora distorcida. É aconselhável que o usuário desligue o processador de fala no momento em que ocorre a aproximação do sistema. Épouco provável que o Implante Coclear dispare o alarme presente nos sistemas de vigilância eletrônica.
Os materiais presentes no IC são capazes de ativar o sistema de detectores de metais. Assim sendo, o usuário deve apresentar a carteira de identificação do Implante Coclear fornecida pelo fabricante e entregue após a cirurgia.
Como solicitado para qualquer equipamento eletrônico, o processador de fala do Implante Coclear deve ser desligado durante o pouso e decolagem de aeronaves.
A eletricidade estática é definida como o acúmulo de carga elétrica em uma pessoa ou objeto, capaz de criar um campo magnético. Níveis elevados de eletricidade estática podem danificar dispositivos eletrônicos, inclusive o Implante Coclear.
Os Implantes Cocleares apresentam um circuito protetor contra este tipo de eletricidade, oferecendo um alto grau de proteção. No entanto alguns cuidados devem ser tomados:
Colocação de tela protetora para o monitor do computador
Retirar o processador de fala no momento em que as crianças usuárias de Implante Coclear estão em contato com piscina de bolinha e escorregador de plástico.
A utilização de ultrasom terapêutico está contra-indicada (proibida) em regiões próximas ao Implante Coclear.
O ultrasom diagnóstico não oferece riscos aos usuários de Implante Coclear. No entanto, para a realização de qualquer procedimento que não seja considerado de rotina, é aconselhável que o usuário ou seus familiares, entrem em contato com a equipe do Programa de Implante Coclear.
As doses de radiação utilizadas na radiologia médica não oferecem riscos aos usuários de Implante Coclear. No entanto, durante o procedimento, o componente externo do dispositivo deve permanecer desligado.
A utilização de luz ultravioleta em clínicas odontológicas e camas solares não oferecem riscos aos usuários de Implante Coclear.
A utilização de bisturi elétrico ou eletrocautério em cirurgias está proibida em usuários de Implante Coclear. Para maiores informações, é aconselhável que o cirurgião entre em contato com a equipe de Implante Coclear.
Está proibido aos usuários de Implante Coclear tanto a realização da ressonância magnética, bem como a entrada em salas em que este procedimento é realizado.
Em indivíduos usuários do sistema Nucleus 24, em situações em que se faz de extrema necessidade a realização deste procedimento, existe a possibilidade de remoção do magneto interno por meio de uma pequena cirurgia.
BIBLIOGRAFIA NACIONAL RECOMENDADA:
ALVES, A.M.V.S. - As metas terapêuticas na habilitação da criança deficiente auditiva usuária do implante coclear. Dissertação (mestrado), PUC-SP, 2002
AMANTINI, R.C.B. – O estudo do zumbido em indivíduos com implante colear multicanal. Tese (Doutorado em Ciências), HRAC-USP, 2002
BLASCA, W.Q. - O aproveitamento da audição através do uso do aparelho de amplificação sonora individual digitalmente programável. Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1994.
BEVILACQUA, M.C. & FORMIGONI, G.M.P. - audiologia educacional: uma opção terapêutica para a criança deficiente auditiva. Pró-Fono, 1997
BEVILACQUA, M.C. & MORET, A.L.M. - Reabilitação e implante coclear. In: LOPES FILHO, O. Tratado de fonoaudiologia. Roca Ltda. (18) p.401-14, 1997.
BEVILACQUA, M.C. & TECH, E.A. - Elaboração de um procedimento de avaliação de percepção de fala em crianças deficientes auditivas profundas a partir de cinco anos de idade. In: Tópicos de Fonoaudiologia. CEFAC, Lovise, (27) 411-33, 1996.
BEVILACQUA, M. C.; COSTA O. A. - Audiologia Atual Volume I e II. Collectanea Symposium. Série Medicina e Saúde. Frôntis Editorial, 1998.
BEVILACQUA, M.C.; COSTA, O.A.; MORET, A.L.M. Implante coclear em crianças. In: Tratado de Otorrinolaringologia, vol 2, Editora Rocca Ltda. 2003, cap 26, p. 268-276.
BEVILACQUA, M.C.; MORET, A.L.M.; COSTA FILHO, O.A.; NASCIMENTO, L.T.; BANHARA, M.R. Implantes cocleares em crianças portadoras de deficiência auditiva decorrente de meningite – Rev Bras. Otorrinolaringol. V. 69, n. 6, 760-4, set./out. 2003
COSTA, O. A., BEVILACQUA, M. C. - Rehabilitation, patient performance and social cultural aspects in a cochlear implant program. Cochlear implants with emphasis on the pedagogical follow-up for children and adults. Scanticon, Kolding, Dinamarca. Inge Post & Karen Trondhjem. p. 185-197. Anais do 17th Danavox Symposium/Dinamarca, 1997.
COSTA, O.A.; BEVILACQUA, M.C.& MORET, A.L.M. - Critérios de seleção de crianças candidatas ao implante coclear do Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais/USP, Rev. Bras. Otorrinol., v.62, n.4, 1996.
COSTA, O.A.; BEVILACQUA, M.C.; AMANTINI, R.C.B.; NETO, D.L. Implante coclear em adultos. In: Tratado de Otorrinolaringologia, vol 2, Editora Rocca Ltda. 2003, cap 27, p. 278-289
GAMA, M.R. - Avaliação qualitativa da percepção da fala como instrumento na seleção de aparelhos de amplificação sonora individual. Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1991.
LACERDA, A.P. - Audiologia clínica. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1976.
MARCHINI, E.B. - Ouvir sobre o prisma da estratégia. Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1992.
MORAES, T.V de; ZEIGELBOIM, B.S.; BEVILACQUA, M.C.; JACOB, L.C.B. - Indicação de Implante Coclear: Tendências Atuais Acta Awho, São Paulo, v.20, n. 4, p. 229-237, out/dez. 2001
MORET, A.L.M. – Implante coclear: audição e linguagem em crianças deficientes auditivas neurossensoriais profundas pré-linguais, Tese (Doutorado em Ciências), HRAC-USP, 2002
OLIVEIRA, S.T. - Avaliação da percepção da fala utilizando sentenças do dia-a-dia. Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1992.
Fonte:http://www.implantecoclear.com.br/
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O QUE É O IMPLANTE COCLEAR?
O implante coclear é um dispositivo eletrônico de alta tecnologia, também conhecido como ouvido biônico, que estimula eletricamente as fibras nervosas remanescentes, permitindo a transmissão do sinal elétrico para o nervo auditivo, afim de ser decodificado pelo córtex cerebral.
O funcionamento do implante coclear difere do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). O AASI amplifica o som e o implante coclear fornece impulsos elétricos para estimulação das fibras neurais remanescentes em diferentes regiões da cóclea, possibilitando ao usuário, a capacidade de perceber o som.
Atualmente existem no mundo, mais de 60.000 usuários de implante coclear.
FUNCIONAMENTO DO IMPLANTE COCLEAR
O implante coclear consiste em dois tipos de componentes, interno e externo. Para melhor compreensão será descrito separadamente.
O componente interno é inserido no ouvido interno através do ato cirúrgico e é composto por uma antena interna com um imã, um receptor estimulador e um cabo com filamento de múltiplos eletrodos envolvido por um tubo de silicone fino e flexível.
O componente externo é constituído por um microfone direcional, um processador de fala, uma antena transmissora e dois cabos.
A sensação auditiva ocorre em frações de segundos. Todo o processo inicia-se no momento em que o microfone presente no componente externo capta o sinal acústico e o transmite para o processador de fala, por meio de um cabo. O processador de fala seleciona e codifica os elementos da fala, que serão reenviados pelos cabos para a antena transmissora (um anel recoberto de plástico, com cerca de 3mm de diâmetro) onde será analisado e codificado em impulsos elétricos. Por meio de radiofreqüência, as informações são transmitidas através da pele (transcutaneamente), as quais serão captadas pelo receptor estimulador interno, que está sob a pele. O receptor estimulador contém um “chip” que converte os códigos em sinais eletrônicos e libera os impulsos elétricos para os eletrodos intracocleares específicos, programados separadamente para transmitir sinais elétricos, que variam em intensidade e freqüência, para fibras nervosas específicas nas várias regiões da cóclea. Após a interpretação da informação no cérebro, o usuário de Implante Coclear é capaz de experimentar sensação de audição.
Quanto maior o número de eletrodos implantados, melhores serão as possibilidades de percepção dos sons.
MODELOS DE IMLANTE COCLEAR
Entre os implantes cocleares multicanais de gerações mais avançadas utilizados nos principais centros internacionais dedicados ao tratamento da surdez estão: Nucleus 24, desenvolvido na Austrália pela Cochlear Corporation; Combi 40+, desenvolvido na Áustria pela Med-EL; e Clarion, desenvolvido nos Estados Unidos pela Advanced Bionics. Os modelos diferem entre o número e configuração dos eletrodos, disponibilidade de telemetria e telemetria de respostas neurais (NRT), localização do microfone externo, design e tecnologia do processador de fala, estratégia de comunicação de fala, número e tipos de estimulação e sistema de programação.
A Cochlear Corporation iniciou-se no mercado com o modelo Nucleus 22. Posteriormente, foram lançados os modelos Nucleus 24, Nucleus 24 M, Nucleus 24K, Nucleus 24 Contour e recentemente o Nucleus 3. Com os avanços tecnológicos, foi possível a miniaturização do processador de fala, como o uso do processador de fala modelos ESPrint e ESPrint 3G (retroauricular) .
Componente interno
Componente externo
A Med-EL inseriu-se no mercado com o modelo C 40 e em função dos avanços tecnológicos, estão disponíveis atualmente os modelos C40 S, C40+, também permitindo o uso de dispositivos externos retroauriculares.
Componente interno Med-EL®Combi 40+
Componente externo Med-EL® Tempo +
E a Advanced Bionics iniciou com o modelo Bipolar Enhaced, posteriormente foi lançado o modelo Hifocus e com avanços tecnológicos lançaram o modelo HiRes 90K.
Componente interno
Componente externo Clarion
SELEÇÃO DE CANDIDATOS AO USO DE IMPLANTE COCLEAR
Com a evolução tecnológica, os implantes cocleares atuais já são considerados de 3ª geração. Com isso, são considerados candidatos ao uso do dispositivo de Implante Coclear, crianças a partir dos 12 meses de idade e adultos que apresentam deficiência auditiva neurossensorial bilateral de grau severo e profundo e que não obtiveram benefícios com o uso de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual.
A avaliação dos pacientes candidatos ao Implante Coclear é realizada por meio de uma equipe interdisciplinar, composta por médicos otologistas, fonoaudiólogos, psicólogos e outros.
No entanto, os resultados variam de individuo para individuo, em função de uma série de fatores, entre eles, memória auditiva, estado da cóclea, motivação e dedicação e programas educacionais e/ou de reabilitação.
Candidatos que poderão apresentar um melhor benefício com o uso do implante coclear:
idade acima de 18 anos, com deficiência auditiva neurossensorial pós - lingual bilateral severa ou profunda;
que não se beneficiarem do aparelho de amplificação sonora individual (AASI), ou seja, apresentarem escores inferiores a 40% em testes de reconhecimento de sentenças do dia a dia;
tempo de surdez ser inferior a metade da idade do candidato (em deficiências auditivas progressivas não há limite de tempo);
deficiência auditiva pré-lingual tem benefício limitado e só é indicado em pacientes com fluência da linguagem oral e com compreensão desta limitação;
apresentarem adequação psicológica e motivação para o uso do Implante Coclear.
idade até 17 anos, com deficiência auditiva neurossensorial bilateral severa ou profunda;
preferencialmente indica-se o Implante Coclear em deficiência auditiva pré -lingual até os 6 anos de idade. Salienta-se que a idade ideal é a partir de 1 ano;
adaptação prévia de AASI e (re)habilitação auditiva intensiva para verificar se há benefício deste dispositivo principalmente nas deficiências auditivas severas;
apresentarem incapacidade de reconhecimento de palavras em "conjunto aberto";
serem provenientes de famílias adequadas e motivadas para o uso do Implante Coclear;
ETAPA PRÉ-CIRÚRGICA
Para a indicação cirúrgica do implante coclear é necessário que o indivíduo submeta-se a diferentes avaliações, que fazem parte da etapa pré-cirúrgica e que serão realizadas por médicos, fonoaudiólogas, assistentes sociais e psicólogas com o objetivo de definir a indicação do implante coclear.
Realizado o diagnóstico diferencial da deficiência auditiva, torna-se de fundamental importância a seleção e indicação do AASI, anteriormente à indicação do IC, com o intuito de verificar-se os benefícios obtidos com o uso da amplificação no que diz respeito às habilidades auditivas.
Nesta etapa além das avaliações dos aspectos funcionais relativos à audição, da determinação do tipo e grau da deficiência auditiva e da avaliação com AASI, é fundamental o estudo por imagem (tomografia computadorizada de cortes de 1 (um) milímetro de temporais nas posições coronal e axial e ressonância magnética dos temporais em 3 D). A importância de estudos por tomografia computadorizada de temporais com secções de 1mm de espessura, nas posições coronais e axiais, para constatar malformações cocleares, graus de ossificação labiríntica, principalmente em surdez pós-meningite. A tomografia computadorizada de alta resolução é útil para averiguar as estruturas ósseas do temporal, sendo de uso limitado para o estudo das estruturas não-ósseas, vias auditivas e tecido nervoso central. A ressonância magnética dá informações adicionais quanto ao grau de fibrose ou ossificação da cóclea e outras patologias do sistema nervoso central (Meira et al, 1998; Arriaga, Carrier,1996; Nikolopoulos et al,1997). A utilização da ressonância magnética em pacientes implantados tem atraído a atenção de vários autores, pois a presença do ímã no dispositivo interno impediria a utilização deste importante recurso diagnóstico.
A cirurgia do Implante Coclear é realizada para inserção do dispositivo interno (receptor-estimulador e cabo com filamento de múltiplos eletrodos).
Após a inserção dos eletrodos já é possível a realização da telemetria de impedancio dos eletrodos e telemetria de respostas neurais (testes que permitem avaliar o funcionamento dos eletrodos na sala de cirurgia, ou seja, antes de fechar a incisão). E a radiografia intra-operatória.
Rx na posição de Stenver's modificada, com os eletrodos inseridos na cóclea.
Antes da cirurgia, é realizada a tricotomia de aproximadamente dois dedos acima do ouvido.
Após a cirurgia, alguns cuidados são necessários, até a alta médica completa, ou seja, no retorno para ativação, entre eles:
Manter repouso no leito com a cabeça elevada a 30º nas primeiras 24 horas.
Manter posição lateral, não deitar do lado operado durante 15 dias.
Não molhar o curativo, não se deve lavar a cabeça nas duas primeiras semanas, quando lavá-la colocar um tampão, o ouvido operado não deverá ser molhado.
Se tiver necessidade de espirrar, fazê-lo de boca aberta e assoar delicadamente o nariz usando soro fisiológico para a limpeza do mesmo.
Proibir pegar peso e fumar.
Evitar bebida alcoólica e queda.
Não tomar sol durante 30 dias.
Geralmente, a cicatrização completa ocorre entre 3 e 5 semanas após a cirurgia. No entanto durante este período, o indivíduo é capaz exercer suas atividades normalmente.
Em condições ideais os pacientes permanecem de dois a três dias no hospital após a realização da cirurgia.
Entre as complicações cirúrgicas descritas pela literatura científica internacional em pacientes submetidos à cirurgia para inserção do Implante Coclear incluem-se:
• paralisia facial;
• necrose tecidual no leito cirúrgico;
• extrusão dos eletrodos;
• mal posicionamento dos eletrodos;
• presença de zumbido;
• alterações vestibulares na primeira semana do pós-operatório;
• e/ou defeito no componente interno.
Após a cicatrização cirúrgica, o paciente retornará à equipe do Programa de Implante Coclear para ativação dos eletrodos. É recomendado que a ativação dos eletrodos ocorra aproximadamente, quatro semanas após a cirurgia.
O acompanhamento pós-cirúrgico dos pacientes usuários do Implante Coclear é realizado por equipe interdistidisciplinar, devendo atender a retornos periódicos para avaliação otorrinolaringológica, mapeamento e balanceamento dos eletrodos, audiometria em campo livre, testes de percepção de fala, orientação fonoaudiológica, entre outros, de acordo com a necessidade e/ou etapa do tratamento.
No momento da ativação e mapeamento dos eletrodos, serão realizados os ajustes necessários para que o processador de fala seja capaz de converter efetivamente a energia acústica em uma área dinâmica elétrica adequada para cada eletrodo.
CUIDADOS APÓS O IMPLANTE COCLEAR
Cuidados necessários para obter o funcionamento adequado do Implante Coclear, relacionadas aos aspectos ambientais:
Os usuários de Implante Coclear devem evitar a aproximação direta à monitores de televisão, computadores e forno de microondas quando os mesmos encontram-se em funcionamento, uma vez que a radiação eletromagnética presente nestes equipamentos pode ser capaz de alterar a função do circuito eletrônico do Implante Coclear e ocasionar alteração na qualidade do som e falha no envio da estimulação.
No momento em que os usuários de Implante Coclear passam com o dispositivo em funcionamento entre as barras de sistemas de Vigilância Eletrônica, presentes na grande maioria de lojas e supermercados, pode ocorrer uma sensação sonora distorcida. É aconselhável que o usuário desligue o processador de fala no momento em que ocorre a aproximação do sistema. Épouco provável que o Implante Coclear dispare o alarme presente nos sistemas de vigilância eletrônica.
Os materiais presentes no IC são capazes de ativar o sistema de detectores de metais. Assim sendo, o usuário deve apresentar a carteira de identificação do Implante Coclear fornecida pelo fabricante e entregue após a cirurgia.
Como solicitado para qualquer equipamento eletrônico, o processador de fala do Implante Coclear deve ser desligado durante o pouso e decolagem de aeronaves.
A eletricidade estática é definida como o acúmulo de carga elétrica em uma pessoa ou objeto, capaz de criar um campo magnético. Níveis elevados de eletricidade estática podem danificar dispositivos eletrônicos, inclusive o Implante Coclear.
Os Implantes Cocleares apresentam um circuito protetor contra este tipo de eletricidade, oferecendo um alto grau de proteção. No entanto alguns cuidados devem ser tomados:
Colocação de tela protetora para o monitor do computador
Retirar o processador de fala no momento em que as crianças usuárias de Implante Coclear estão em contato com piscina de bolinha e escorregador de plástico.
A utilização de ultrasom terapêutico está contra-indicada (proibida) em regiões próximas ao Implante Coclear.
O ultrasom diagnóstico não oferece riscos aos usuários de Implante Coclear. No entanto, para a realização de qualquer procedimento que não seja considerado de rotina, é aconselhável que o usuário ou seus familiares, entrem em contato com a equipe do Programa de Implante Coclear.
As doses de radiação utilizadas na radiologia médica não oferecem riscos aos usuários de Implante Coclear. No entanto, durante o procedimento, o componente externo do dispositivo deve permanecer desligado.
A utilização de luz ultravioleta em clínicas odontológicas e camas solares não oferecem riscos aos usuários de Implante Coclear.
A utilização de bisturi elétrico ou eletrocautério em cirurgias está proibida em usuários de Implante Coclear. Para maiores informações, é aconselhável que o cirurgião entre em contato com a equipe de Implante Coclear.
Está proibido aos usuários de Implante Coclear tanto a realização da ressonância magnética, bem como a entrada em salas em que este procedimento é realizado.
Em indivíduos usuários do sistema Nucleus 24, em situações em que se faz de extrema necessidade a realização deste procedimento, existe a possibilidade de remoção do magneto interno por meio de uma pequena cirurgia.
BIBLIOGRAFIA NACIONAL RECOMENDADA:
ALVES, A.M.V.S. - As metas terapêuticas na habilitação da criança deficiente auditiva usuária do implante coclear. Dissertação (mestrado), PUC-SP, 2002
AMANTINI, R.C.B. – O estudo do zumbido em indivíduos com implante colear multicanal. Tese (Doutorado em Ciências), HRAC-USP, 2002
BLASCA, W.Q. - O aproveitamento da audição através do uso do aparelho de amplificação sonora individual digitalmente programável. Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1994.
BEVILACQUA, M.C. & FORMIGONI, G.M.P. - audiologia educacional: uma opção terapêutica para a criança deficiente auditiva. Pró-Fono, 1997
BEVILACQUA, M.C. & MORET, A.L.M. - Reabilitação e implante coclear. In: LOPES FILHO, O. Tratado de fonoaudiologia. Roca Ltda. (18) p.401-14, 1997.
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Fonte:http://www.implantecoclear.com.br/
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