A pneumonia por aspiração de alimentos e secreções da faringe é um risco já documentado na literatura, principalmente entre doentes com distúrbios da deglutição. Ainda assim, muitas vezes esses doentes têm sua alimentação oral suspensa e substituída pela introdução de sonda nasoenteral (intestinal ou gástrica). Para avaliar se pacientes com disfagia devida a doença cerebrovascular poderiam ter aumentado o risco de aspiração quando portadores dessas sondas, profissionais do Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba (PR), realizaram estudo prospectivo com 123 pacientes.
Todos os sujeitos estudados estavam internados com diagnóstico de doença cerebrovascular complicada por disfagia orofaríngea: 45 deles estavam usando sonda para nutrição enteral. Os pesquisadores realizaram exame endoscópico (vídeo fluoroscopia) para confirmação do diagnóstico de disfagia e detecção de aspiração traqueal. Os pacientes foram acompanhados, após a alta, a cada duas semanas durante três meses e, depois, mensalmente até seis meses. Dentre os pacientes com sonda, a maioria (42,4%) teve aspiração detectada pelo exame (p = 0,048) e a maior parte (63,9%) desenvolveu pneumonia aspirativa (p = 0,0001).
Os autores do trabalho afirmam que o uso das sondas nesse grupo específico de doente deve ser criterioso, pois as razões pelas quais eles desenvolvem pneumonia aspirativa não estão completamente elucidadas: “os pacientes com doença cerebrovascular e portadores de sondas nasoenterais apresentam acúmulo de saliva e secreções na faringe”, descrevem. “A aspiração de secreções da orofaringe contaminada por germes patogênicos é mais comumente creditada como sendo a responsável pela pneumonia aspirativa”, explicam.
0 comentários:
Postar um comentário