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Reflexos orais de alimentação
- Reflexo de Procura: também conhecido por reflexo dos quatro pontos cardeais, é
desencadeado ao tocar os cantos laterais, superior e inferior dos lábios ou bochechas. A
criança abre a boca, vira a cabeça e move a língua na direção em que ocorreu o estímulo.
Este reflexo está presente ao nascimento e começa a desaparecer a partir do terceiro e
quarto mês, quando a criança começa a levar a mão à boca e inicia-se um processo de
adequação da sensibilidade oral (Cesa et al., 2004).
- Reflexo de Sucção: presente na vida intra uterina, começa a tornar-se voluntário por
volta dos quatro meses de idade. É uma continuidade do reflexo de procura, após a
criança introduzir o estímulo em sua cavidade oral, o contato deste com a porção anterior
da língua, desencadeia um processo de movimentos rítmicos de sucção (Cesa et al.,
2004).
- Reflexo de Deglutição: também presente na vida intra uterina e torna-se voluntário a
partir do quarto mês, quando há aperfeiçoamento da coordenação com a sucção e a
respiração (Cesa et al., 2004).
- Reflexo de Vômito: está presente ao nascimento e torna-se mais posterior até o sétimo
mês. Este reflexo permanece presente na vida adulta, sendo elicitado no recém nascido
tocando-se na porção anterior da língua (Cesa et al., 2004).
- Reflexo de Mordida: presente ao nascimento e suprimido por volta do sétimo mês com
o aparecimento da mastigação. Pode ser observado exercendo-se uma pressão no
rebordo gengival e, como resposta, o recém nascido realiza um movimento rítmico de
fechar e abrir a mandíbula (Cesa et al., 2004)
Disfagias
A deglutição pode ser prejudicada devido a processos mecânicos que dificultam a
passagem do bolo, como falta de secreção salivar, fraqueza das estruturas musculares
responsáveis pela propulsão do alimento ou disfunção na rede neural que coordena e
controla a deglutição (Filho et al., 2000a).
O termo disfagia refere-se a um sintoma comum de diversas doenças congênitas ou
adquiridas, permanentes ou transitórias, relacionado a qualquer alteração no ato de
engolir que dificulte ou impeça e ingestão oral segura, eficiente e confortável (Alves,
2003).
Portanto, a disfagia caracteriza-se por um distúrbio da deglutição ou qualquer
dificuldade do trânsito do bolo alimentar da boca ao estômago, associado a complicações,
tais como: desnutrição, pneumonia aspirativa, penetração laríngea, presença de saliva ou
restos alimentares no vestíbulo laríngeo antes, durante ou após a deglutição (Rosado et
al., 2005; Marcolino et al., 2009).Na literatura são apresentadas diferentes formas de classificação das disfagias.
Para fins didáticos apresentam-se as classificações relacionadas à três aspectos: à
etiologia, aos comprometimentos das fases da deglutição e ao grau do distúrbio.
Classificação das disfagias segundo a etiologia
- Disfagia induzida por drogas: é a disfagia desencadeada ou agravada pelo efeito
colateral de alguns medicamentos. O efeito das drogas pode afetar o sistema nervoso
central, sistema nervoso periférico, sistema muscular ou a produção de saliva (Filho et al.,
2000a).
- Disfagia mecânica: é a disfagia proveniente de alterações estruturais e o controle
neutral encontra-se preservado. Podem ser decorrentes de câncer ou de seu tratamento,
traumas, infecções virais, inflamações teciduais, presença de traqueostomia (ASHA,
2004).
- Disfagia neurogênica: relacionada à alterações do sistema nervoso central ou
periférico, podendo estar presentes como sequelas de traumatismo cranioencefálico,
tumor cerebral, paralisia facial, acidente vascular cerebral, doenças degenerativas, entre
outros (ASHA, 2004).
- Disfagia psicogênica: decorrente de quadros ansiosos, depressivos ou mesmo
conversivos (ASHA, 2004).
Classificação das disfagias segundo as fases da deglutição
- Disfagia oral: ocorre quando há comprometimento das fases preparatória oral e oral.
Pode estar presente nos casos de dificuldade ou ausência de vedamento labial, problemas
durante a mastigação, apraxia oral, paralisia unilateral de língua, entre outros (Macedo et
al., 1998).
- Disfagia faríngea: quando há comprometimento da fase faríngea, como nos casos de
paralisias faríngeas e/ou laríngeas, ou laringectomias parciais (Macedo et al., 1998).- Disfagia orofaríngea: na maioria dos casos são observadas alterações nas fases oral e
faríngea, devido à estreita relação entre os eventos de ambas as fases. Ocorre com
frequência nos casos de ressecções das estruturas da boca e nas doenças neurológicas
(Macedo et al., 1998).
- Disfagia esofageana: ocorre quando há alterações estruturais no esôfago ou ainda pode
relacionar-se à esofagite ou refluxo gastroesofágico (RGE) causando alterações e
modificações na fase esofágica da deglutição (Filho et al., 2000a).
Classificação das disfagias segundo o grau de comprometimento
- Disfagia leve: ocorre quando o controle e transporte do bolo alimentar estão atrasados e
lentos, sem sinais de penetração laríngea na ausculta cervical. É esperado que o paciente
adquira compensações para as dificuldades em pelo menos uma consistência e que
mantenha a alimentação por via oral (Jesus, 2008).
- Disfagia moderada: o paciente apresenta comprometimentos semelhantes à disfagia
leve, porém observam-se sinais de penetração laríngea e risco de aspiração na ausculta
cervical para duas consistências. O paciente necessita de manobras facilitadoras para
minimizar os riscos de aspiração e, dependendo do estado de saúde, a alimentação pode
ocorrer por via mista (oral e alternativa) ou exclusivamente por via alternativa (Jesus,
2008).
- Disfagia severa: caracteriza-se por presença de aspiração substancial com sinais de
alteração respiratória e ausência ou falha da deglutição completa do bolo alimentar,
impossibilitando a alimentação por via oral (Jesus, 2008).
Sinais e sintomas da disfagia
Os comprometimentos da fase oral caracterizam-se por alterações no vedamento
labial, mobilidade da língua, mastigação, reflexos orais, fechamento velofaríngeo e na
percepção sensorial gustativa, de temperatura e textura do alimento (Pilz, 1999).Os pacientes com alterações na fase faríngea apresentam engasgo, tosse, náusea,
regurgitação nasal ou dificuldade respiratória por aspiração. Esses sintomas são
provocados pelo atraso ou ausência no reflexo de deglutição, incoordenação no
fechamento do EES, redução na contração da musculatura da laringe, alteração na
elevação e fechamento da laringe (Pilz, 1999).
A disfagia esofagiana pode ser decorrente de alterações estruturais do esôfago,
esofagite e RGE. As principais queixas são de dor ao deglutir (odinofagia), dor torácica,
sensação de pressão durante a passagem do alimento, vômito e regurgitação do alimento
(Pilz, 1999).
A entrada de alimento ou secreção na laringe em região subglótica denomina-se
aspiração e caracteriza-se como um dos principais indicativos de disfagia e um grave
sintoma, pois dependendo do estado de saúde geral do paciente, da quantidade e
frequência da aspiração pode provocar alterações respiratórias, como pneumonia (Pilz,
1999).
Há três mecanismos que protegem os pulmões contra a aspiração. São eles: tosse,
fechamento laríngeo e deglutição. Se algum desses mecanismos falhar ainda há a
possibilidade de eliminar o material aspirado por meio da ação ciliar das células da
traquéia (Pilz, 1999).
A disfagia pode gerar complicações secundárias que devem ser diagnosticadas
precocemente, pois indicam o agravamento clínico e podem levar o paciente ao óbito. A
modificação do nível de consciência, a desidratação, a desnutrição e a pneumonia
constituem esses sinais clínicos secundários (Filho et al., 2000a).
O acúmulo de secreção provocado por aspiração maciça, redução da sensibilidade
laríngea ou da força muscular dos músculos respiratórios pode comprometer o sistema
nervoso central, reduzindo o nível de alerta e, consequentemente, o nível de consciência
(Filho et al., 2000a).
A desidratação e a desnutrição podem se manifestar quando o preparo, o volume,
as vias de introdução da dieta e a distribuição de nutrientes não estão adequados para o
paciente disfágico (Filho et al., 2000a).
Na criança, os sintomas clínicos da disfagia podem gerar aversão para comer
determinados alimentos, aumento do tempo gasto na alimentação e ingestão de dieta
especial (Aurélio et al., 2002).
Cabe ressaltar também outros sintomas da disfagia, como o esforço ao engolir e a
ejeção oral comprometida, que podem decorrer de alterações na mastigação, dificultando
a trituração do alimento (Marchesan, 2003a).
A aspiração pode trazer complicações clínicas, tais como pneumonias bacterianas
de repetição, e dependendo do volume e da constância da aspiração, causar desidratação
e desnutrição. Contudo, a aspiração pode apresentar-se com uma discreta sintomatologia,
envolvendo ausência ou diminuição do reflexo de tosse. Quando isso ocorre, a aspiração
traqueal pode ocorrer silenciosamente, como consequência da diminuição da sensibilidade
laríngea. A aspiração silenciosa é definida como a penetração de saliva ou alimento
abaixo do nível das pregas vocais, sem sintomas de tosse, engasgo ou qualquer indicativo
de dificuldade de deglutição (Curado et al., 2005).
Outros sinais frequentes são: pigarro frequente, modificação da qualidade vocal
após alimentação, recusa alimentar, necessidade de ingestão de líquido durante a
alimentação de sólido e isolamento social (Cola et al., 2008; Marcolino et al., 2009).
Fonte: http://www.medicina.ufmg.br/fon/arquivos/monografias/20091/2/priscilapimentel_tcc_fono_2009.pdf
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