Vamos aqui listar algumas características da doença e como ela age no nosso sistema nervoso.
Uma pessoa autista, como muitos devem saber, possui certas dificuldades de se relacionar socialmente e emocionalmente com outras pessoas. Essa doença causa uma distorção precoce do comportamento, pois afeta áreas do cérebro como o hipocampo, cerebelo e o sistema límbico.
Crianças autistas evitam frequentemente muitas espécies de contato físico, e parte do motivo é que a informação sensorial proveniente do mundo à sua volta lhes chega depressa demais para que seus cérebos consigam processá-las. Elas se sentem subjugadas por esse excesso de estímulos sensoriais exteriores. Uma reação típica é fecharem-se ou tentarem escapar aos estímulos. Isso é causado pois as pessoas autistas levam mais tempo para processar uma informação sensorial do que uma pessoa não autista. Isso faz com que as informações sensoriais cheguem de forma fragmentada, causando então dificuldades de atenção.
Devido a esse atraso no processamento de informações, uma criança autista não pode transferir sua atenção dos olhos para o nariz e então para a boca da mãe em fração de segundos, como o faz uma criança não autista. Assim, essa criança não pode abranger de uma só vez um rosto inteiro, apenas partes. Fica fácil perder uma pista social, como um sorriso ou uma carranca. O resultado é que o autista recebe uma informação parcial a respeito do mundo a sua volta, e por isso essa informação é frequentemente confusa.
Algumas pessoas autistas possuem aptidões senroriais normais, mas têm grande dificuldade em separar a informação importante do ruído. Não podem fixar prioridades para a multidão de sinais sensoriais que chegam ao cérebro. Para conseguir isso, as crianças autistas reagem exibindo comportamentos cujo objetivo primordial consiste em barrar o acesso da maciça e confusa sobrecarga sensorial. Fazem isso gritando, tapando os ouvidos ou correndo para refugiar-se num lugar tranquilo, evitando assim os ruídos.
Pessoas autistas podem se incomodar demais com as vestimentas, pois elas podem ser fontes de coceiras extremas. Podem também não gostar de serem abraçadas, por conta do excesso de informação tátil. As áreas do cérebro correspondendes as vias táteis mais afetados nos autistas são o lobo temporal, medula e tálamo. Pesquisas sugerem que durante o desenvolvimento do sistema nervoso dessas pessoas, ocorreu um número excessivo de neurônios nessas vias, fazendo assim com que o cérebro fosse sobrecarrecado de sensações.
Outros exemplos ainda podem ser os distúrbios alimentares. Crianças autistas enfrentam dificuldades alimentares, que resultam de problemas de processamento sensorial. Elas são, tipicamente, exigentes e difíceis de contentar, e mostram-se muitas vezes incapazes de tolerar a textura, cheiro, paladar ou som do alimento em suas bocas.
Com todas essas descrições, fica fácil entender agora a causa do isolamento social. Oras, se a informação sensorial chega rápida e impetuosamente demais para que a pessoa possa processá-la, uma reação natural é então evitar os estímulos opressivos.
Fonte: “O Cérebro um guia para o usuário” de John Ratey.
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