Muitos profissionais estão envolvidos na recuperação de um paciente submetido à cirurgia bariátrica, conhecida popularmente como cirurgia de redução de estômago. O fonoaudiólogo, sobretudo nas subáreas da motricidade orofacial (MO) e de voz, é um desses profissionais com papel importante no resgate da qualidade de vida.
O médico Gabriel de Vargas, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, explica que essa cirurgia consiste em reduzir o tamanho do estômago. Ele afirma que, após a cirurgia, obrigatoriamente, haverá uma mudança de comportamento alimentar, pois os alimentos serão ingeridos em pequena quantidade e precisarão ser bem mastigados.
Nem sempre, no seu processo de reeducação, o paciente procura um fonoaudiólogo. “Temos de entrar no contexto de vida do paciente, que está buscando melhor qualidade de vida. Há muitas doenças associadas que são consequências da obesidade”. Explica a fonoaudióloga Marlei Braude Canterji.
Mastigação, deglutição, sucção e respiração corretas, além de musculatura sem flacidez, são algumas das áreas em que o fonoaudiólogo irá atuar. “É fundamental que a fonoaudiologia auxilie o paciente, no sentido de favorecer a ingestão de qualquer tipo de alimento, em qualquer ocasião”, afirma Marlei.
A fonoaudióloga Vitória Régia Brandão explica que é necessário fazer uma avaliação do paciente antes da cirurgia e orientá-lo sobre como deve manipular os alimentos. “Falo também sobre os ajustes da respiração, deglutição, mastigação e de fala.” De acordo com o profissional, a tendência é a musculatura da face do paciente se tornar flácida. Com isso, respiração e mastigação podem se tornar inadequadas. Assim, durante as terapias fonoaudiológicas, o paciente trabalha a musculatura do rosto e do pescoço.
A fonoaudióloga Silvia Sachett, explica que a terapia é definida a partir das necessidades do paciente. Ela observa que a maioria desses paciente precisa reaprender a mastigar. Com os exercícios para a musculatura, não só as questões funcionais são melhoradas, mas também o fator estético.
De acordo com a fonoaudóloga Débora Cardoso Rossi, a presença do fonoaudiólogo na equipe de cirurgia bariática ainda não é comum. O trabalho fonoaudiológico precisa ser mais divulgado com esses pacientes tanto no pré-cirúrgico quanto no pós-cirúrgico. “No pré-cirúrgico, é possível trabalhar os músculos mastigatórios, orientar a mordida, a quantidade de alimento a ser ingerido e a postura correta para degluti-los”.
Após a cirurgia e no decorrer da perda de peso, o fonoaudiólogo verifica as funções de respiração, mastigação, deglutição, fala e voz. Segundo Débora, questões sobre saúde vocal devem ser observadas, principalmente em profissionais da voz. “Mesmo com a dieta estipulada pelo nutricionista, o fonoaudiólogo precisa acompanhar o processo mastigatório”, explica.
Silvia afirma que pode haver discordância entre médicos e fonoaudiólogos sobre o atendimento por ainda não haver um protocolo. Para ela, posteriormente, todos os pacientes passarão por uma triagem.
O médico Gabriel Vargas conta que a presença do fonoaudiólogo na equipe é uma experiência pioneira no Rio Grande do Sul. Segundo ele, há uma diferença muito importante na adaptação aos alimentos sólidos, principalmente a carne vermelha. “Temos casos de pacientes, operados antes de o fonoaudiólogo fazer parte da equipe, que não comiam carne a mais de três anos. Após o acompanhamento fonoaudiológico, passaram a se alimentar normalmente. Hoje, tenho certeza de que o atendimento fonoaudiológico pré e pós-operatório é indispensável”, destaca.
Fonte: Revista Comunicar, ano XII - número 48
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