O Método Fonovisuoarticulatório, carinhosamente apelidado de Método das Boquinhas, utiliza-se além das estratégias fônicas (fonema/som) e visuais (grafema/letra), as articulatórias (articulema/Boquinhas). Seu desenvolvimento foi alicerçado na Fonoaudiologia, em parceria com a Pedagogia, que o sustenta, sendo indicado para alfabetizar quaisquer crianças e reabilitar os distúrbios da leitura e escrita. Parte das reflexões deste método foi proporcionada pelo contato com o “Programa de Mejoramiento de la Calidad y Equidad de la Educación” (MECE) – “Programa das 900 Escolas”, desenvolvido no Chile desde 1990, indicado pela UNESCO e estendido a outros países (Guttman, 1993). Sua fundamentação encontra-se também nos estudos de Dewey (1938), Vygotsky (1984, 1989), Ferreiro (1986), Watson (1994), entre outros, cujas idéias são resumidas numa percepção holística frente à alfabetização, tendo a visão da linguagem, como ponto focal da aprendizagem.
O ponto de partida do ser humano na aquisição de conhecimento reside na boca, que produz sons – fonemas, que são transformados em fala, meio de comunicação inerente ao ser humano. Para aquisição da leitura e escrita é necessário que os fonemas sejam decodificados/codificados em letras (grafemas), como é feito no processo fônico, trabalhando diretamente nas habilidades de análise fonológicas (Dominguez, 1994) e consciência fonológica e fonêmica (Capovilla e Capovilla, 2002; Santos e Navas, 2002), fator primordial e sine qua non no processo de alfabetização (Cardoso-Martins et al., 2005). Esse processo, bastante abstrato, deve ser favorecido por meio de intervenção pedagógica, mas por vezes torna-se incompreensível e dificultoso para alguns aprendentes.
Assim, é acrescentado os pontos de articulação de cada letra ao ser pronunciada isoladamente (articulemas, ou boquinhas), baseados nos princípios da Fonologia Articulatória – FAR, que preconiza a unidade fonético-fonológica, por excelência, o gesto articulatório (Browman e Goldstein, 1986; 1990; Albano, 2001), favorecendo a compreensão do processo de decodificação, por mecanismos concretos e sinestésicos, isto é, com bases sensoriais. Desta forma, a aquisição da leitura e escrita passaria a ser acessível a quaisquer tipos de aprendentes, de maneira simples e segura, pois bastaria uma única ferramenta de trabalho – a boca.
Mas não se trata somente de um método cinestésico, em que a chave da aprendizagem reside no movimento, como descrito por Fernald (1943), que usa o traçado das letras aliado aos sons, enfatizando a memória da sequência visual, nem somente um método fônico como os descritos por Hegge, Kirk e Kirk (1936) como fono-grafo-vocal ou o ITA (Initial Teaching Alphabet) (Pittman, 1963), ou o VAK (visual-auditivo-cinestésico), apresentado por Gilingham e Stillman (1973), em que há a associação do som ao nome das letras, usado em programas de educação especial, principalmente para surdos.
A proposta do Método das Boquinhas aproximou-se da posição teórica rotulada por distintos autores como "construtivismo" (Bednar et al., 1993), Coll et al. (1990; 1993), Ferreiro (1986), enquanto define a aprendizagem como um processo ativo no qual o significado se desenvolve sobre a base da experiência - que aqui se apresenta como a consciência fonoarticulatória, uma ferramenta segura e concreta para o aprendizado da leitura e escrita -, e o aluno construiria uma representação interna do conhecimento e estaria aberto à troca, uma vez que todos aprenderiam pela mesma ferramenta, ou seja, a boca.
A partir dos passos iniciais da aquisição da leitura e escrita – fator indispensável à continuidade escolar e regulador de sucesso e manutenção da autoestima, o Método das Boquinhas estimula a criança a usar, lidar e pensar a língua escrita a partir da boca. Esse mecanismo a auxiliará, futuramente, a desenvolver um automonitoramento e outras destrezas metacognitivas importantes para construir textos significativos, interpretá-los, identificar a informação mais importante, sintetizar e gerar perguntas (Cooper, 1993). Mas essas aquisições só serão possíveis, a partir da alfabetização, que confere ao indivíduo igualdade e condições de adaptação ao seu meio.
Os primórdios desse trabalho foram publicados em artigos científicos e apresentados em Congressos de Fonoaudiologia e Psicopedagogia (Jardini e Vergara, 1997; Jardini e Souza, 2002). Atualmente a obra Boquinhas conta com sete livros publicados, sendo os dois iniciais, Fundamentação Teórica (Jardini, 2003, em processo de atualização) e Caderno de Exercícios (Jardini, 2008), específico para sanar as trocas de letras e melhorar a qualidade da leitura; indicado para crianças e adultos já alfabetizados. Um livro de estudos clínicos, Passo a Passo (Jardini, 2004, 2009), propõe reflexão, análise e tratamento de casos que apresentam dificuldades e distúrbios de leitura e escrita.
O ponto de partida do ser humano na aquisição de conhecimento reside na boca, que produz sons – fonemas, que são transformados em fala, meio de comunicação inerente ao ser humano. Para aquisição da leitura e escrita é necessário que os fonemas sejam decodificados/codificados em letras (grafemas), como é feito no processo fônico, trabalhando diretamente nas habilidades de análise fonológicas (Dominguez, 1994) e consciência fonológica e fonêmica (Capovilla e Capovilla, 2002; Santos e Navas, 2002), fator primordial e sine qua non no processo de alfabetização (Cardoso-Martins et al., 2005). Esse processo, bastante abstrato, deve ser favorecido por meio de intervenção pedagógica, mas por vezes torna-se incompreensível e dificultoso para alguns aprendentes.
Assim, é acrescentado os pontos de articulação de cada letra ao ser pronunciada isoladamente (articulemas, ou boquinhas), baseados nos princípios da Fonologia Articulatória – FAR, que preconiza a unidade fonético-fonológica, por excelência, o gesto articulatório (Browman e Goldstein, 1986; 1990; Albano, 2001), favorecendo a compreensão do processo de decodificação, por mecanismos concretos e sinestésicos, isto é, com bases sensoriais. Desta forma, a aquisição da leitura e escrita passaria a ser acessível a quaisquer tipos de aprendentes, de maneira simples e segura, pois bastaria uma única ferramenta de trabalho – a boca.
Mas não se trata somente de um método cinestésico, em que a chave da aprendizagem reside no movimento, como descrito por Fernald (1943), que usa o traçado das letras aliado aos sons, enfatizando a memória da sequência visual, nem somente um método fônico como os descritos por Hegge, Kirk e Kirk (1936) como fono-grafo-vocal ou o ITA (Initial Teaching Alphabet) (Pittman, 1963), ou o VAK (visual-auditivo-cinestésico), apresentado por Gilingham e Stillman (1973), em que há a associação do som ao nome das letras, usado em programas de educação especial, principalmente para surdos.
A proposta do Método das Boquinhas aproximou-se da posição teórica rotulada por distintos autores como "construtivismo" (Bednar et al., 1993), Coll et al. (1990; 1993), Ferreiro (1986), enquanto define a aprendizagem como um processo ativo no qual o significado se desenvolve sobre a base da experiência - que aqui se apresenta como a consciência fonoarticulatória, uma ferramenta segura e concreta para o aprendizado da leitura e escrita -, e o aluno construiria uma representação interna do conhecimento e estaria aberto à troca, uma vez que todos aprenderiam pela mesma ferramenta, ou seja, a boca.
A partir dos passos iniciais da aquisição da leitura e escrita – fator indispensável à continuidade escolar e regulador de sucesso e manutenção da autoestima, o Método das Boquinhas estimula a criança a usar, lidar e pensar a língua escrita a partir da boca. Esse mecanismo a auxiliará, futuramente, a desenvolver um automonitoramento e outras destrezas metacognitivas importantes para construir textos significativos, interpretá-los, identificar a informação mais importante, sintetizar e gerar perguntas (Cooper, 1993). Mas essas aquisições só serão possíveis, a partir da alfabetização, que confere ao indivíduo igualdade e condições de adaptação ao seu meio.
Os primórdios desse trabalho foram publicados em artigos científicos e apresentados em Congressos de Fonoaudiologia e Psicopedagogia (Jardini e Vergara, 1997; Jardini e Souza, 2002). Atualmente a obra Boquinhas conta com sete livros publicados, sendo os dois iniciais, Fundamentação Teórica (Jardini, 2003, em processo de atualização) e Caderno de Exercícios (Jardini, 2008), específico para sanar as trocas de letras e melhorar a qualidade da leitura; indicado para crianças e adultos já alfabetizados. Um livro de estudos clínicos, Passo a Passo (Jardini, 2004, 2009), propõe reflexão, análise e tratamento de casos que apresentam dificuldades e distúrbios de leitura e escrita.
Boquinhas na Educação Infantil
A proposta dos livros Boquinhas na Educação Infantil(Jardini e Gomes, 2007) é trabalhar com a aquisição da leitura e escrita, em estágios iniciais desse desenvolvimento, com crianças de 4 a 6 anos, propiciando um trabalho preventivo de aquisição da linguagem. É fundamental que o educador conheça de maneira simples e prática os sons da fala (fonemas) e suas respectivas Boquinhas (articulemas), bem como os processos de consciência fonológica, fonêmica, processamento auditivo e visual, coordenação visuomotora, orientação visuoespacial e desenvolvimento cognitivo, para que possa promover com segurança o início do aprendizado da leitura e escrita e, porventura, lidar de maneira pedagógica, com seus desequilíbrios. Essa abordagem tem contribuído de maneira significativa para que a saúde (incluindo fala, voz e linguagem geral) dos alunos e educadores se mantenha, sendo observada por melhorias na autoestima e qualidade de vida, evitando-se desta forma, o excesso de encaminhamentos às clínicas de aprendizagem, ou seja, a patologização do ensino (Collares e Moysés, 1992;1993).
Alfabetização com Boquinhas
A proposta dos livros Alfabetização com Boquinhas (aluno e professor) (Jardini e Gomes, 2008), oferece aos educadores condições de formalizar o processo de aquisição da leitura e escrita a partir de pressupostos da fala, tornando a alfabetização simples e possível em curto espaço de tempo. São abordados todos os aspectos da leitura, bem como produção e interpretação de textos. Nesses volumes, o educador encontrará atividades e exercícios para o trabalho pedagógico com qualquer tipo de crianças e adultos, visando à aquisição da leitura e escrita.
Recentemente foram lançados Jogos de Boquinhas (Jardini, 2008, 2009), contendo 13 jogos, como material de apoio aos livros, para utilização em salas de aula, consultórios e/ou domiciliar.
Fonte: www.metododasboquinhas.com.br
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