Após o diagnóstico de autismo, deve o médico encaminhar a criança autista para os tratamentos necessários. É muito comum (quase certo) que o médico encaminhará seu filho para atendimento por psicólogo. Ocorre que não se trata de atendimento de psicologia ambulatorial genérica, mas sim um tratamento que conte com protocolo terapêutico específico direcionado para autismo. Isso porque não é toda intervenção psicoterapêutica que terá eficácia para uma criança com esse diagnóstco, por conta de maneira toda própria da criança autista de compreender e interpretar as informações fornecidas pelo seu meio e seus pares.
Dos atendimentos realizados por psicólogos em protocolos terapêuticos voltados para autismo, três linhas se destacam, quais sejam: ABA, TEACCH, Son-Rise e DIR®FloortimeTM. A escolha do método terapêutico adequado para a criança deve ser feita com pelo médico juntamente com os pais da criança, conforme diretrizes do Ministério da Saúde (Documento Linha de cuidados para atenção às pessoas com transtorno do espectro autista), tomando em consideração as especificidades do caso. Nesse sentido, é importante lembrar o imenso rol de possibilidades de como e com qual intensidade podem se manifestar os sintomas do espectro autista, sendo que cada criança deve ser inserida em um Projeto Terapêutico Singular.
Sobre o tema, já se manifestou o Ministério da Saúde (Documento Linha de cuidados para atenção às pessoas com transtorno do espectro autista):
“A CIF analisa a saúde dos indivíduos a partir das seguintes categorias: funcionalidade, estrutura morfológica, participação na sociedade, atividades da vida diária e o ambiente social de cada indivíduo, sendo que, portanto, é recomendável sua utilização para a avaliação e o planejamento de projetos terapêuticos singulares (fl. 56)”.
“Há necessidade de uma diversidade de ofertas de atenção, diante das distintas manifestações, evitando a reprodução de respostas imediatistas e padronizadas. A construção de um projeto terapêutico singular implica a criatividade de propostas que vão orientar a família na direção do tratamento, oferecido por equipe multiprofissional junto à família e ao próprio sujeito, sem que cada invenção se torne um modelo padronizado, estandartizado, repetível para todos. (fl. 65)”.
“O Projeto Terapêutico Singular (PTS) (BRASIL, 2008) é o direcionamento das ofertas de cuidado construído a partir da identificação das necessidades dos sujeitos e de suas famílias, em seus contextos reais de vida, englobando diferentes dimensões. O PTS deve ser composto por ações dentro e fora do serviço e deve ser conduzido, acompanhado e avaliado por profissionais ou equipes de referência junto às famílias e às pessoas com TEA. Ele deve ser revisto sistematicamente, levando-se em conta os projetos de vida, o processo de reabilitação psicossocial (com vistas à produção de autonomia) e a garantia dos direitos. Esta forma de organizar o cuidado permite que a equipe não seja capturada por demandas mais aparentes, perceptíveis, deixando de lado aqueles que pouco demandam por si e que podem ser de alguma forma invisíveis ao ritmo acelerado dos serviços de saúde. Tal forma divide a responsabilidade do olhar para cada pessoa que busca e se insere num ponto de atenção à saúde, de forma a garantir a plasticidade necessária aos serviços para responder às complexas demandas dos usuários e de suas famílias. (fl. 73)”.
“O atendimento articulado no PTS deve envolver profissionais/ equipes de referência, trabalho em rede e a pluralidade de abordagens e visões, de forma que atendam às diversas demandas inerentes aos casos de pessoas com TEA. Esta é uma tendência mundial (GOLSE, 2012; CRESPIN, 2012) e inovadora, que reconhece que o sectarismo e o preconceito de técnicas e leituras só prejudicam o próprio usuário e seus familiares. (fl. 74).”
Muitos pais que acabaram de receber o diagnóstico não têm nem ideia do que é ABA, TEACCH ou Son-Rise. Outros pais acabam apenas por conhecer o protocolo terapêutico ao qual seu filho está submetido. Assim, o objetivo dessa postagem é apresentar a vocês um pouquinho sobre essas terapias. Aqui não se objetiva falar qual a “melhor” ou a “pior” abordagem, não é essa a ideia. O objetivo é colocar pontos centrais sobre essas terapias.
Sei que muitos pais e mães têm como impulso recriminar casos em que uma criança está inserida em protocolo terapêutico diferente do de seu filho. Mas temos que pensar que, se lutamos por uma sociedade inclusiva, não podemos ser intolerantes, e devemos respeitar quem pensa diferente de nós! Ademais, há que se ressaltar que é o médico daquela criança quem deve interferir, dizendo se o tratamento está ou não adequado, e não nós, como leigos em Medicina. Em resumo, cada criança deve ser inserida em um tratamento direcionado às suas necessidades, galgando-se o objetivo terapêutico apresentado pelos protocolos que melhor aprouverem ao caso.
Vejo comumente em grupos discussões ferozes sobre qual método está certo. Muitos pais chegam a se xingar por causa disso! Tenha sempre em mente que o que é o tratamento adequado para seu filho, pode não ser o tratamento adequado para outra criança.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/diario-de-autista/autismo-e-o-metodo-de-tratamento/
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